O filme musical "Emilia Pérez", com 13 indicações, incluindo a de "Melhor Filme" para o Oscar 2025, foi alvo de duras críticas polêmicas do filósofo espanhol Paul. B. Preciado. Ele é um dos grandes adversários de "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, na disputa pelo prêmio.
A produção do diretor Jacques Audiard, na qual Selena Gomez e a atriz espanhola Karla Sofia Gascón integram o elenco, foi criticada por Paul num artigo publicado no El País, jornal espanhol. No último dia 10 (janeiro), o pensador disse:
"O filme de Audiard conta, segundo sua própria descrição, a história de Manitas, um maldito traficante mexicano que muda de gênero e se transforma em Emilia para tentar escapar de seu destino.", pontuou.
Na sequência, ele apontou o filme como sendo uma ruína: "Embora seja apresentada como o resumo do cinema moderno repleto de números musicais e invenções visuais e narrativas, 'Emilia Pérez' é, quando se conhece a história das representações de pessoas trans, um pergaminho de ruínas semióticas coloniais e binárias tão previsíveis quanto anacrônicas."
O concorrente de "Ainda Estou Aqui" - vale lembrar que Selton Mello deu vida ao ex-deputado Rubens Paiva no filme -, recebeu ainda mais críticas polêmicas: "Perpetua uma visão psicopatológica da transição de género baseada em quatro premissas: criminalização, exotização etnográfica, representação médica-cirúrgica da transição de género e assassinato", frisou Paul.
O pensador afirmou que normalmente os filmes desse gênero acabam matando o personagem principal: "E este último não é um spoiler. Todos os filmes normativos sobre pessoas trans acabam matando o protagonista…", afirmou.
Por fim, Preciado concluiu: "Carregado de racismo e transfobia, de exotismo antilatino e de binarismo melodramático, 'Emilia Pérez' reforça assim a narrativa colonial e patologizante não só da transição de género, mas também da cultura mexicana".
